Rita Marcia Ayala 4f4549
Iniciamos esta reflexão com este excerto da Carta Encíclica «Rerum Novarum» do Sumo Pontífice Papa Leão XIII, intitulado “O comunismo, princípio de empobrecimento”:
- Mas, além da injustiça do seu sistema, veem-se bem todas as suas funestas consequências, a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e inável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria. Por tudo o que Nós acabamos de dizer, se compreende que a teoria socialista da propriedade coletiva deve absolutamente repudiar-se como prejudicial àqueles membros a que se quer socorrer, contrária aos direitos naturais dos indivíduos, como desnaturando as funções do Estado e perturbando a tranquilidade pública”.
O que Leão XIII propôs, então, após estas afirmações? Vejamos o que nos disse, a seguir:
“A concórdia traz consigo a ordem e a beleza; ao contrário, dum conflito perpétuo só podem resultar confusão e lutas selvagens. Ora, para dirimir este conflito e cortar o mal na sua raiz, as Instituições possuem uma virtude irável e múltipla. E, primeiramente, toda a economia das verdades religiosas, de que a Igreja é guarda e intérprete, é de natureza a aproximar e reconciliar os ricos e os pobres, lembrando às duas classes os seus deveres mútuos e, primeiro que todos os outros, os que derivam da justiça”.
Interessante, pois, lermos a Carta Encíclica “Rerum Novarum”, na integra… O nome do novo Papa, Leão XIV, não é um acaso. Em nosso entender, está claro, pelo discurso do novo Papa, que ele replica o Pontificado do Papa Francisco, mas, tomando como exemplo um dos termos empregados, uma coisa é convidar para o caminhar sinodal e outra, é como iremos fazer isso. Ou seja, o processo continua, mas, por qual perspectiva e de que forma? Sinceramente, nossa percepção é de que o novo Papa se posicionou muito claramente, ao escolher o seu nome. E nossa esperança maior é de que consiga, sim, conciliar tendências e atender expectativas que, embora os progressistas, talvez, não concordem, podem, sim, serem atendidas.
Em síntese, precisamos colocar, impreterivelmente, a nossa esperança em Deus. Ou seja, retornar ao Egito, jamais; dialoguemos com a Babilônia, de onde, de certa forma, poderemos sair vivos para cumprir a nossa missão no mundo. Lemos, a esse respeito, em Jeremias, 42, 11-12: “Não temais o rei da Babilônia, a quem vós temeis; não o temais, diz o Senhor, porque eu sou convosco, para vos salvar e para vos fazer livrar das suas mãos. E vos farei misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós e vos faça voltar à vossa terra”.
Encontramos, também, nas perícopes seguintes, elementos que contribuem para a nossa leitura do tempo presente com seus conflitos e suas demandas:
- “Por isso, o Senhor Deus lhes diz: “Eu coloquei em Sião uma pedra, um bloco escolhido, uma pedra angular preciosa, de base: quem confiar nela não tropeçará” (Is 28,16).
- “Mas Josias não quis voltar atrás. Em lugar de ouvir as palavras de Necao, que vinham da própria boca de Deus, disfarçou-se para combater e entrou em batalha na planície de Meguido” (II Cronicas, 35,22).
São estas duas últimas perícopes, também, significativo fundamento para compreendermos e nos posicionarmos diante de nossas questões atuais, na Igreja, no Brasil e no mundo. Na primeira, o profeta Isaías se refere a Jesus Cristo, definindo com clareza a referência que precisamos ter para nos posicionarmos como fiéis que depositam em Deus a sua esperança: seguir o Messias. Na segunda perícope, o Rei Josias toma uma atitude contrária a isso, que Isaías propõe: confia em suas próprias forças, tentando resolver uma questão que não lhe dizia respeito, ciente de que não deveria fazer isso. Em função desse equívoco, dessa insurgência contra Deus, morre em uma batalha da qual deveria ter se afastado.
Estamos em oração por tudo isso desde 2018, mediante o Movimento do Rosário Peregrino, graças a Deus e graças a Deus; graças a Deus que rendemos por essa possibilidade que ora se descortina no horizonte da Igreja Católica, a tão esperada oportunidade de se promover a unidade da Igreja. Não pelo viés de fundamentos teóricos profanos, que literalmente “invadem” a Tradição e o Magistério da Igreja Católica, gerando uma discussão estéril que a divide. No formato em que se constituiu, esse debate que chegou às raias da violência física e verbal, já se revelou incapaz de alcançar a conciliação entre as tendências que se debatem no contexto em curso. Não somente na Igreja, mas, no mundo inteiro. O que nos foi ofertado pelo Jubileu da Esperança, então, se revela, mais objetivamente, como opção de solução eficaz porque evoca o Espírito Santo que visita mentes e corações e os ilumina, clarificando a leitura, o entendimento da realidade e apontando o melhor caminho a seguirmos, individual e comunitariamente.
Aqui, nesse momento, impossível trazer tanta informação, explicitar pontualmente a fundamentação teórica necessária, mas, podemos observar que, “Doutrina Social” não significa “doutrina socialista”. Por esse motivo, antes de nos posicionarmos intempestivamente, a favor ou contra o novo Papa Leão XVI, precisamos ler, atentamente, e estudar a Carta Encíclica “Rerum Novarum” para compreendermos o seu posicionamento, em relação ao Pontificado do Papa Francisco e averiguarmos o que, de certa forma, compõe o mais significativo diferencial de Leão XIV.
A nossa Mãe Santíssima, todavia, no dia da Súplica a Nossa Senhora de Pompéia, 08 de maio, neste ano Jubilar de 2025, em nosso entender, intercedeu por nós. Compartilhamos essa reflexão, portanto, com imensa alegria porquê ,de 2016 para cá, estamos rogando a Deus e a ela, pela constituição dessa ponte do diálogo, que não se edifica a partir de argumentos de parte a parte, entre contendores, mas, mediante a intervenção do Espírito Santo, que pode acontecer exatamente porque se todos se empenham em orar juntos, como irmãos, e se unem enfim, colocando a esperança em Deus, sendo justos à exemplo de São José, e clamando pela paz para todos, no mundo inteiro.
Rita De Blasiis
Uberaba, 08 de maio de 2025.